Afinal, o governo foi de Tancredo Neves ou de José Sarney? Essa confusão ocorre porque apesar do candidato eleito a presidência da República, por votos indiretos, ter sido Tancredo de Almeida Neves, da chapa PMDB/PFL, quem acaba assumindo o governo é seu vice-presidente José Sarney devido a problemas de saúde do eleito após pouco mais de um mês de sua posse.
A era Sarney (1985 – 1990) foi caracterizada pela busca da redemocratização com o Plano econômico Cruzado, pelas grandes mudanças de regimento e, principalmente, pela criação da nova Emenda Constitucional que é empregada até hoje.
A ditadura militar no Brasil terminou com a transferência pacifica do poder aos civis, após ser governado 21 anos seguidos por militares. Sarney foi o primeiro civil a tomar posse do governo presidencial, sucedendo assim o último militar no poder, João Figueiredo.
Sua posse iniciou no dia 15 de março de 1985 depois da internação de Tancredo Neves que, devido a problemas de saúde, passou por sete intervenções cirúrgicas vindo a falecer em 21 de abril por infecção generalizada.
Diante dessa substituição de posse, Sarney se comprometeu a manter as promessas feitas na campanha eleitoral de Tancredo Neves e começou a planejar grandes mudanças.
A primeira e mais impactante delas ocorreu no dia 8 de maio de 1985, quando a emenda constitucional que estabelecia eleições diretas para presidente, prefeito e governador foi aprovada permitindo que as eleições para prefeito fossem realizadas pelo voto popular naquele mesmo ano.
Outra atitude foi dar aos analfabetos o direito ao voto, coisa que até então nunca havia sido feita. Também legalizou partidos comunistas causando assim o surgimento de partidos como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e outros.
Em termos econômicos, o Brasil enfrentava grave crise ainda herdada do período militar. Os índices de inflação eram altíssimos, a população sofria com desemprego, miséria, e o país sofria com grandes dívidas, externa e interna.
Em março de 1986, o ministro da Fazenda, Dílson Funaro, lançou o Plano Cruzado na tentativa de “desafogar o país”. Tal plano econômico visava, principalmente, o controle da inflação.
A primeira medida foi a criação da nova moeda, o Cruzado, em substituição ao Cruzeiro que estava muito desvalorizado. Depois veio o congelamento do preço das mercadorias e congelamento de salários, ou “gatilho salarial”, para que o reajuste fosse feito quando a inflação atingisse valor igual ou maior que 20%.
A população de modo geral começou a vigiar os preços e denunciar remarcações. A princípio os objetivos foram alcançados: a inflação atingiu valores negativos, o consumo aumentou e os fundos aplicados foram lançados na economia.
No entanto, este plano foi muito criticado por empresários que indicavam os gastos abusivos do governo como causa da superinflação. Muitos comerciantes da época, principalmente os de pequeno-porte, escondiam as mercadorias que possuíam em seus estoques como estratégia para cobrar o chamado “ágio”, isto é, uma taxa a mais adicionada sobre o valor total do produto, vendendo assim os produtos por um valor acima do preço estabelecido.
Assim, os produtos começaram a sumir das prateleiras e das empresas devido a retração dos setores produtivos, o preço dos aluguéis disparou e a inflação voltou a subir.
Tudo isso resultou no que conhecemos como moratória, que é quando o Brasil deixa de pagar os juros da sua dívida externa, fazendo com que ela cresça cada vez mais. Ao final de seu mandato em 1989, a inflação anual já alcançava 1764%.
Ainda com a visão da redemocratização do país, Sarney convocou no início de 1987 uma Assembleia Constituinte, para elaborar uma nova Constituição. No dia 05 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituição do Brasil, a mesma que está em vigor atualmente.
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